sábado, 5 de maio de 2012

Reticências

Antes a bagunça e alguns conflitos do que o ócio aliado ao tédio. 

Um seriado de Tv ou uma boa leitura, daqueles que te prendam, dependem de algumas artimanhas para instigar e testar tanto os leitores quanto as personagens. Vai do roteirista prover tais situações que dinamizam toda a trama. Ter mocinho implica na busca do prazer, do sucesso ou do que é justo, quem sabe num mix, um três-em-um. Ah, também não existe heroísmo sem o sofrimento.

É assim  que conseguimos a audiência. É através dessa inconstante busca que as personagens se prendem com  as adversidade imposta pelo roteirista malvado. Mas qual seria a graça de conquistar algo sem a superação? Podemos afirmar que a conquista por si só depende de uma superação, não? Não faz muito sentido objetivar alguma coisa palpável se podemos 'conquistá-la' com o esticar dos braços.

As personagens devem sim passar por adversidades para rever objetivos. E acima de tudo, apresentar isso em resultados numéricos, ibope. O consumidor é mesmo intrigante pois se identifica mais com o caótico do que o idealizado e sereno. É cansativo ler uma obra em que o próprio protagonista tem preguiça de buscar seu objetivo só de pensar no que pode vir. Tente ler 'Canoas e Marolas' da Série Plenos Pecados, edição Preguiça, e verá. É terrível. Alguém precisa entrar naquele livro pra dar um chacoalho naquele cara deitado na rede.

Gostamos de testes, de questionamentos e problemas impossíveis. Gostamos mais ainda das soluções impossíveis. Nos chocamos com a discordância, a contradição e o julgamento. Assistimos casos de família para rir. Reviravoltas nos surpreende, assim como os fins de relacionamentos. Toda essa bagunça é mais legal de ser escrita e muito mais fácil. É também mais cômico e rentável.


Agora saindo um pouco das obras literárias e televisivas, quem é o roteirista de nossa jornada? Somos nós? Isso que eu não consigo entender...

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